IX Congresso de Pesquisa e Ensino de História da Educação em Minas Gerais

19/12/2016



O Congresso de Pesquisa e Ensino de História da Educação em Minas Gerais (COPEHE) é um evento periódico que, – ao longo de sua trajetória que, nesta oitava edição completa 16 anos, – já se consolidou como importante espaço para o debate e a reflexão sobre a História da Educação, tanto na pesquisa como no ensino, sendo possível observar na da constituição desse espaço, a oportunidade de encontros, trocas e divulgação de experiências entre pesquisadores, professores e alunos de várias universidades, especialmente aquelas situadas no estado de Minas Gerais, cujos trabalhos e interesses se situam na abrangência de estudos e pesquisas desse campo de saberes que é a História da Educação.

A nona edição do COPEHE, assumida pela Linha de Pesquisa em História e Historiografia da Educação do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Uberlândia, dando continuidade ao circuito itinerante do evento em diferentes instituições de ensino superior de Minas Gerais, terá como sede a Universidade Federal de Uberlândia.
O temário escolhido como mote para a realização do IX COPEHE é Repensar a história da educação, pensar a política na história da educação, entendendo que vivemos um tempo em que é da maior importância dimensionar a educação e sua história no âmbito do político e de suas tramas, como o lugar em que nos posicionamos, os interesses que defendemos, as escolhas que fazemos e que são recobertas por concepções de mundo, de homem, de educação e de história.

Assim, buscamos abordar a política como constitutiva dos sujeitos e dos objetos e, por isso mesmo, implicada na instituição de verdades que atravessam a construção das subjetividades tanto individuais, como coletivas. Buscamos reconhecer nossa responsabilidade pelo espaço que ocupamos como professores, pesquisadores, intelectuais e pelos sentidos que damos a ele na produção de  saberes e na reprodução de relações de poder.
Buscamos interrogar sobre práticas e estratégias que, em nossas ações, podem configurar exclusão, dominação, cesura, censura, interdição, segregação, proibição, reclusão, golpe, silenciamento. Buscamos indagar acerca de nosso papel no funcionamento da maquinaria social, da qual fazemos parte, na produção da verdade em práticas discursivas e não-discursivas e que, de certo modo, contribuímos para sua sustentação.  
Queremos, pois, refletir, sobre onde e como estamos. Mais que isso, queremos refletir como chegamos até aqui. O que nos fez chegar até aqui? O que fez com que nos tornássemos o que somos?  Como constituímos nossos espaços e como nele nos situamos? Como esses espaços nos constituem? O que estamos fazendo de nós mesmos nesses espaços que ocupamos? Que história da educação estamos contando e escrevendo? Que verdades instituímos com nosso discurso histórico-educacional? Que sujeitos são ressaltados nessa história? De que educação fazemos história? De que história nos valemos para formar? Que opções políticas lançam os rumos de nossas práticas historiográficas na educação? Que interesses políticos traçam as diretrizes da história em nossas práticas educativas?
Ora, os objetos definidos para o conhecimento histórico, especialmente para o saber histórico educacional, são transformados como tais num dado momento, numa dada conjunção de forças e saberes, o que permite dizer que cada objeto histórico é, antes de tudo, talhado como objeto político.
As dimensões dadas ao passado, os lugares privilegiados desse passado, os sujeitos escolhidos para nova visibilidade, os discursos ouvidos das fontes, acabam respondendo a problemas e questões do nosso presente e dizem respeito ao nosso modo de viver. O que nos vem do passado é atravessado por estratégias e alcançado por táticas que buscam atingir nossas próprias demandas atuais.
De modo particular, na educação e nas inúmeras possibilidades de emergência de objetos históricos que podem surgir nesta área de conhecimento e no empreendimento investigativo de tais objetos, é oportuno dizer que o trabalho do historiador da educação deve se pautar por um inventário de questões que perscrutem tanto a educação como a história como campo de disputas políticas.


O que fez a educação ser o que é e se apresentar para nós da forma como se apresenta?  Como foi possível o surgimento dos objetos educacionais com os quais operamos?  O que possibilita a idéia de naturalidade a algo produzido nas tramas histórico-políticas? É possível a educação se tornar algo diferente? É possível fazer outra história da educação?
O trabalho do historiador da educação balizado por interrogações dessa natureza o coloca num patamar de suspeição, de questionamento acerca não só da educação, mas da própria noção de história e historiografia, permitindo outras formas de enxergar como a educação é constituída, como determinadas verdades sobre a educação são instituídas, podendo, inclusive, obscurecer o surgimento dessas outras formas. O convite e o desafio deste IX COPEHE é que a História da Educação seja pensada em suas linhas políticas, no engendramento de seus discursos, como campo de saberes que mobiliza relações de poder no jogo de forças que dinamiza o funcionamento da maquinaria social.


Mais informações em: http://www.eventos.ufu.br/copehe

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