O Congresso de Pesquisa e Ensino de História da Educação em Minas
Gerais (COPEHE) é um evento periódico que, – ao longo de sua trajetória
que, nesta oitava edição completa 16 anos, – já se consolidou como
importante espaço para o debate e a reflexão sobre a História da
Educação, tanto na pesquisa como no ensino, sendo possível observar na
da constituição desse espaço, a oportunidade de encontros, trocas e
divulgação de experiências entre pesquisadores, professores e alunos de
várias universidades, especialmente aquelas situadas no estado de Minas
Gerais, cujos trabalhos e interesses se situam na abrangência de estudos
e pesquisas desse campo de saberes que é a História da Educação.
A nona edição do COPEHE, assumida pela Linha de Pesquisa em História e
Historiografia da Educação do Programa de Pós-Graduação em Educação da
Universidade Federal de Uberlândia, dando continuidade ao circuito
itinerante do evento em diferentes instituições de ensino superior de
Minas Gerais, terá como sede a Universidade Federal de Uberlândia.
O temário escolhido como mote para a realização do IX COPEHE é Repensar a
história da educação, pensar a política na história da educação,
entendendo que vivemos um tempo em que é da maior importância
dimensionar a educação e sua história no âmbito do político e de suas
tramas, como o lugar em que nos posicionamos, os interesses que
defendemos, as escolhas que fazemos e que são recobertas por concepções
de mundo, de homem, de educação e de história.
Assim, buscamos abordar a política como constitutiva dos sujeitos e dos
objetos e, por isso mesmo, implicada na instituição de verdades que
atravessam a construção das subjetividades tanto individuais, como
coletivas. Buscamos reconhecer nossa responsabilidade pelo espaço que
ocupamos como professores, pesquisadores, intelectuais e pelos sentidos
que damos a ele na produção de saberes e na reprodução de relações de
poder.
Buscamos interrogar sobre práticas e estratégias que, em nossas ações,
podem configurar exclusão, dominação, cesura, censura, interdição,
segregação, proibição, reclusão, golpe, silenciamento. Buscamos indagar
acerca de nosso papel no funcionamento da maquinaria social, da qual
fazemos parte, na produção da verdade em práticas discursivas e
não-discursivas e que, de certo modo, contribuímos para sua sustentação.
Queremos, pois, refletir, sobre onde e como estamos. Mais que isso,
queremos refletir como chegamos até aqui. O que nos fez chegar até aqui?
O que fez com que nos tornássemos o que somos? Como constituímos
nossos espaços e como nele nos situamos? Como esses espaços nos
constituem? O que estamos fazendo de nós mesmos nesses espaços que
ocupamos? Que história da educação estamos contando e escrevendo? Que
verdades instituímos com nosso discurso histórico-educacional? Que
sujeitos são ressaltados nessa história? De que educação fazemos
história? De que história nos valemos para formar? Que opções políticas
lançam os rumos de nossas práticas historiográficas na educação? Que
interesses políticos traçam as diretrizes da história em nossas práticas
educativas?
Ora, os objetos definidos para o conhecimento histórico, especialmente
para o saber histórico educacional, são transformados como tais num dado
momento, numa dada conjunção de forças e saberes, o que permite dizer
que cada objeto histórico é, antes de tudo, talhado como objeto
político.
As dimensões dadas ao passado, os lugares privilegiados desse passado,
os sujeitos escolhidos para nova visibilidade, os discursos ouvidos das
fontes, acabam respondendo a problemas e questões do nosso presente e
dizem respeito ao nosso modo de viver. O que nos vem do passado é
atravessado por estratégias e alcançado por táticas que buscam atingir
nossas próprias demandas atuais.
De modo particular, na educação e nas inúmeras possibilidades de
emergência de objetos históricos que podem surgir nesta área de
conhecimento e no empreendimento investigativo de tais objetos, é
oportuno dizer que o trabalho do historiador da educação deve se pautar
por um inventário de questões que perscrutem tanto a educação como a
história como campo de disputas políticas.
O que fez a educação ser o que é e se apresentar para nós da forma como
se apresenta? Como foi possível o surgimento dos objetos educacionais
com os quais operamos? O que possibilita a idéia de naturalidade a algo
produzido nas tramas histórico-políticas? É possível a educação se
tornar algo diferente? É possível fazer outra história da educação?
O trabalho do historiador da educação balizado por interrogações dessa
natureza o coloca num patamar de suspeição, de questionamento acerca não
só da educação, mas da própria noção de história e historiografia,
permitindo outras formas de enxergar como a educação é constituída, como
determinadas verdades sobre a educação são instituídas, podendo,
inclusive, obscurecer o surgimento dessas outras formas. O convite e o
desafio deste IX COPEHE é que a História da Educação seja pensada em
suas linhas políticas, no engendramento de seus discursos, como campo de
saberes que mobiliza relações de poder no jogo de forças que dinamiza o
funcionamento da maquinaria social.
Mais informações em: http://www.eventos.ufu.br/copehe
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